Perguntas sobre o livro de Daniel

 


O LIVRO DE DANIEL FOI ESCRITO NO SEGUNDO OU SEXTO SÉCULO?

A tese exílica (segundo a qual o livro teria sido completamente escrito por Daniel durante o cativeiro babilônico), não é mais tão aceita pelos estudiosos como foi no século XIX.

No iniciado século XX foi elaborada uma proposta de que o livro de Daniel teria sido escrito no segundo século por questões puramente polícias. Segundo esses estúdios, o livro foi escrito para respaldar a rebelião provocada pelos macabeus contra Antíoco IV.

Mais recentemente, estudiosos tem aceito a possibilidade de que Daniel realmente tenha dada inicio ao livro na época do cativeiro (escrevendo assim os capítulos 1 a 6, correspondeste a parte histórica do livro), e os judeus do segundo século haviam dado continuidade ao livro escrevendo os outros seis capítulos (que os teólogos tradicionais consideram como sendo proféticos).

Alguns argumentos que tendem a favorecer esse último ponto de vista são, por exemplo: “Em Daniel 2:4 temos uma mudança brusca de língua, passando do hebraico ao aramaico. Ainda, na primeira parte a narração é feita na 3 pessoa, mas na segunda é o próprio Daniel que fala.”

Outro argumento usado por teólogos adeptos do método preterista de interpretação é: “No capítulo 11 do livro as guerras entre selêucidas e lágida e uma parte do reinado de Antíoco Epifanes (215 - 164 a.C.) são narradas com detalhes evidentes.”

Já argumentos que favoreçam a interpretação tradicional, seguida pela Igreja Adventista, parecem ser bem mais abundantes. Por exemplo:

1 – Elementos linguísticos que unem as duas partes do livro;

2 – Há no livro estrangeirismo linguísticos pertencentes aos persas antigos (que na época de Daniel deveriam ser bem populares) e há também estrangeirismo gregos;

3 – O relato do livro aparenta ser bastante conciso e bastante coerente (veja textos como: 1:1-2, 21; 2:1; 7:1-2; 8:1; 9:1; 10:1 etc.);

4 – Inexatidão histórica alegadas (a teoria explica que o escritor compôs numa época em que o conhecimento histórico exato de detalhes estava perdido);

5 – As fontes primarias contemporâneas mais importantes que retratam em detalhes os eventos do segundo século são poucas e contraditórias (por exemplo: 1 e 2 Macabeus e Polybius);

6 – É ponto de grande controvérsia entre os historiados a suposta perseguição religiosas aos judeus;

7 – Daniel 11:40-45 não se harmoniza com o conhecido sobre o fim de Antíoco;

Dentre outros argumentos.



Sendo assim, fica claro que uma argumentação que tente colocar parte (ou todo) do livro de Daniel sendo escrito no século 2 não encontra tanto respaldo histórico e tenta, apenas, defender a interpretação preterista que coloca Antíloco IV como sendo o chifre pequeno.



AUTORIA ÚNICA OU MÚLTIPLA?

A questão da data (tratada anteriormente, acima) e a questão da autoria estão interligadas. Quando se fala da possibilidade de a seção profética ter sido escrita no segundo século, se afirma a possibilidade de uma autoria múltipla.

Mas quando se entende que o livro afirma sobre se mesmo é verdade, compreende-se que a obra teve uma única autoria – Daniel, um jovem levado para Babilônia como escravo e (graças ao pode de Deus) consegui se destacar na corte real e obteve importantes cargos políticos

Podemos destacar, ao menos, sete pontos que comprovam a autoria única do livro, são eles:

1 – Os capítulos posteriores necessitam dos anteriores para terem uma base e estrutura;

2 – Os capítulos estão interligados por temas e personagens em comum. Sua história é interdependente;

3 – Os capítulos iniciais (1 a 6) descreve a história de Daniel desde Babilônia até os dias dos medos e persas. Já os capítulos que correspondem a parte profética (8 a 12) seguem essa mesma sequência – de Babilônia até os dias dos medos e persas, gregos e romanos;

4 – O capítulo 7 é central e serve de ligação entre os capítulos históricos e os proféticos, sedo este o primeiro profético;

5 – Características únicas de estilo são empregadas por Daniel. Ele utiliza termos que são comuns as duas seções;

6 – Existe um padrão literário no livro. Há um paralelismo de envelope nos capítulos 2 a 7, sendo o centro os capítulos 4 e 5 (com a temática de um juízo divino sobre o rei);

7 – As visões tidas pelo profeta são progressivas em complexidade.


Sendo assim, fica claro que o livro só teve um único autor que viveu no sexto século antes de Cristo.


TEOLOGIA E PROPOSITO

O livro de Daniel tem uma teologia riquíssima e surpreendente, e não somente escatológicos como muitos acreditam.

A maneira como ele descreve Deus: como sendo soberano e aquele que dita o rumo da história humana.

A função dos anjos no ministério profético de Daniel é de suma importância. Enquanto os outros profetas dizem ter recebido mensagem de Deus para anunciar ao povo, Daniel deixa bem claro quem lhe trouxe essa mensagem: os anjos.

Destaca-se também a figura humana, especialmente em contraste com a divindade. O livro destaca abundantemente a fragilidade e facilidade para cometer erros, por parte dos seres humanos.

A expressão que melhor destaca o proposito do livro de Daniel se encontra no último parágrafo do artigo, onde se pode ler: “O homem moderno precisa da mensagem desse livro para ampliar sua visão, fortalecer sua confiança e reafirmar o fato de que nenhum sistema humano tem a chave da história ou é capaz de introduzir um governo utópico.”

O livro serve, por tanto, para demostra que Deus está no controle e que Seus planos se sobrepõem aos planos traçados por qualquer ser humano.

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